Publicidade Ambulante Humana

Já andava à uns tempos para falar acerca disto. E este Natal comecei a perceber a ridicularidade a que se chega... para nos transformar-mos em autênticos placares de Publicidade... e ainda pagar pelo "privilégio".

Tais como todos os Natais, eis que a malta sai toda da toca para ir comprar os presentes mais estapafúrdios que se possa imaginar. Muitas vezes, em vez de se pensar na utilidade de uma prenda pensa-se sim no valor que se vai oferecer. "Ai esta não... então ofereceste ao Manel uma de 40 euros e agora ofereces uma de 20 à Manela? Estás estúpido ou quê?". Não é raro. Como que se o valor de uma prenda fosse medir o tamanho da amizade ou dos sentimentos por outra pessoa.

Mas há pior. Tal como uma que eu vi presencialmente de um casal de namorados, digo eu, em que o namorado queria oferecer um cinto todo bonito à dita e a mesma afirmou algo como "Este não... não se vê a marca! Já viste como o logotipo mal se vê?".

Parti-me todo a rir. Só não soltei uma gargalhada porque não queria ofuscar a ridicularidade da situação. Aquela rapariga estava na disposição de dar mais de 50 euros por um cinto, só porque o que o namorado lhe mostrou não tinha um logótipo que se visse a 3km de distância. Sem binóculos.

Qualquer dia temos as pessoas a andar na rua com roupa a fazer "pisca-pisca" e com luzes psicadélicas a chamar a atenção para o facto de terem dado 150 euros por uma calça de ganga ou 100 euros por uma camisa. Ou então para além da marca passamos a andar a passear com os preços agarrados. Afinal.. se estamos a pagar tanto dinheiro por um par de calças de ganga rotas é melhor fazer ver as pessoas que aquilo realmente é um par de calças rotas caras. E qual a forma de o fazer? Obviamente que é fazendo com que as calças tenham bem visíveis as marcas das mesmas. Quanto mais visível melhor.

Tornamo-nos assim painéis publicitários das marcas, voluntariamente, e reduzimo-nos a um estatuto que, enfim, é digno dos nossos tempos.

Quem sabe daqui a 30 anos, em 2036-2037 portanto, cheguemos a conclusão de que não queremos mostrar aquela foto com a calça de ganga rota e com o casaco xpto aos nossos netos... não vão eles desatar a rir-se desalmadamente... embora acredite mais que eles perguntem, pelo caminho que as coisas estão a levar, onde as guardamos para as venderem como peças de colecção num qualquer sistema de leilões on-line.

Sem comentários: