Código DaVinci Codificado

Para quem já leu o livro Código DaVinci do Dan Brown sabe que o mesmo é baseado parte em factos reais, parte em ficção. Só por desconhecimento ou má vontade se pode pensar que este autor pretendeu passar toda a história como sendo factual e verdadeira.

Uma coisa que não me deixa de causar alguma estranheza, e daí talvez nem tanta, é o histerismo que se gerou a volta deste filme, e do livro, e a imediata necessidade de tentar justificar ou provar por a+b de que os factos dos mesmos são enganadores, não vá o povinho começar a fazer perguntas. Falar mal do filme ou avisar os “analfabetos” dos leitores ou espectadores de que afinal se trata de uma ficção, e não algo baseado em factos reais, passou a ser moda.

Apareceram entrevistas com membros da principal organização visada na Visão e na televisão, diversos artigos de opinião, um enorme “ruído” que no final das contas só serviu para despertar ainda mais a curiosidade á volta do filme a acerca da Opus Dei. Tudo isto antes do filme estrear. Entretanto ontem já passou na RTP1 um documentário bastante extenso onde se faz uma passagem por todos os factos do livro, desde Maria Madalena até ao Priorado de Sião sempre com o cuidado de explorar as possíveis más interpretações e erros factuais de uma obra de… ficção.

Na estreia do filme veio a critica que até se deu ao luxo de assobiar, rir durante o filme e apupar o realizador no festival de Cannes. Tudo dava a entender que o filme era mau, péssimo, uma horrível adaptação do livro para o cinema. Tudo serviu para denegrir o filme… até o penteado do Tom Hanks. Desespero a quanto obrigas. Vejam lá se o homem também não tem a barba pouco uniforme.

Eu fui ver o filme e devo dizer que também li o livro. Tanto o livro como o filme estão na minha opinião bastante interessantes. Uma história contada com base em factos uns mais reais do que outros, que o autor conjugou para criar uma obra de ficção diferente e… convenhamos… polémica no sentido em que visa instituições reais. Um enredo interessante e um final que peca por ser um pouco previsível. Primeiro no livro e depois obviamente no filme. Mas mesmo assim não deixa de ser um filme que se vê bem mesmo para quem já leu o livro. Se calhar principalmente para esses.

No meio de tanta polémica uma coisa é certa. Tanta entrevista e tanta critica, acabou por dar mais publicidade ao livro e ao filme. E Dan Brown decerto que agradece. Já alguém dizia que “mais vale ter má publicidade do que não ter publicidade nenhuma”.

O livro e o filme abordam questões que podem por em causa instituições e/ou organizações. Mas chega a ser estranha a forma como o mercado audiovisual foi inundado com artigos e documentários da obra, sempre pelo lado negativo.

Se por acaso não tivesse sido tão criticada e se não tivessem havidos tantos artigos a falar do assunto contradizendo a obra de Dan Brown o mais provável era haver um impacto inicial e depois caía no esquecimento para a grande maioria das pessoas. Assim o filme arrisca-se mesmo a ganhar o dinheiro a que se propôs, mesmo sendo um filme muito mau com um senhor de cabelo esquisito… como os críticos o classificaram.


Sem comentários: